Por Roberto Dias Duarte/Site Stoque
Especialista fala da complexidade da escolha do sistema de gestão.
Em plena era do conhecimento, em grande parte promovida pela competência do fisco ao tornar virtuais as informações que, durante séculos, a ele chegaram em papel, resta uma grande questão a ser resolvida pela maioria esmagadora das empresas brasileiras. Essa pendência histórica consiste na escolha e utilização adequada de um programa de gestão, o conhecido ERP.
A complexidade do processo começa na escolha, já que não existem duas organizações idênticas, mesmo que a natureza de suas operações possa se assemelhar, em função do ramo de atividade e do mercado atendido. Pelo mesmo motivo, uma vez adquirido o sistema presumivelmente ideal, começam as não menos intrincadas etapas de configuração, implantação e manutenção.
Ora, se toda solução do gênero é padronizada por mais que se tente customizá-la, um ERP considerar-se pleno e definitivo equivaleria à assinatura solene de seu atestado de óbito, uma vez que todo organismo vivo pressupõe a constante mutação.
O ponto central nisso tudo é que uma implantação do gênero normalmente se prende a aspectos tecnológicos, quando deveria seguir uma diretriz empresarial envolvendo não só as análises de custo-benefício e os riscos inerentes, mas – e principalmente - toda uma gama de possíveis novos cenários. Nada a ver, portanto, com a limitada visão até hoje preponderante, que acaba emperrando o desejável movimento de constante evolução.
Embora existam inúmeras adequações possíveis a um ERP, mediante a adoção de certas práticas, adaptações à realidade do mercado e, mais profundamente, a características peculiares de cada empresa, um mundo ideal nesse campo dependeria de softwares que enxergassem tendências e, consequentemente, ferramentas para serem usadas no futuro.
A ausência de uma verticalização de tal ordem se agrava pelo fato de vivermos num ambiente tributário onde surgem pelo menos duas alterações a cada hora, instituídas ao bel prazer por estados, municípios e governo federal. O grande problema é que toda e qualquer mazela nesse campo passou a romper instantaneamente as quatro paredes do negócio, encapsulada nos arquivos XML que dão vida às notas fiscais eletrônicas.
O fisco brasileiro, como já disse no início, saiu na frente e fez seu dever de casa para tornar-se mais eficiente ao coibir a sonegação, enquanto a maioria das empresas que a ele prestam contas, agora em tempo real, sequer tem consciência de qual sistema inteligente adotar para gerir melhor seu dia a dia.
Eis aqui um enorme desafio, que a exemplo de tantos outros já superados pelos desenvolvedores de software e seus clientes, certamente também está repleto de oportunidades. Mas apenas para os que se conscientizarem rapidamente de todo esse quadro e começarem a recuperar, o quanto antes, o imenso tempo perdido.
Roberto Dias Duarte [roberto@ideasatwork.com.br] é diretor de Alianças da Mastermaq Softwares, professor e administrador de empresas com MBA pelo Ibmec, além de especialista em Certificação Digital, SPED e NF-e. É autor do livro “Big Brother Fiscal, o Brasil na Era do Conhecimento”.
FONTE: Portal Document Management